12 de agosto de 2020

Perguntas e respostas sobre osteoartrose

Artrose do joelho, viscossuplementação, infiltração no joelho, ácido hialurônico, glicosamina, condroitina, colágeno, UCII, medicamentos fitoterápicos, anti-inflamatórios não hormonais, fisioterapia, deformidades do joelho, varo e valgo, artroscopia, osteotomia, artroplastia total do joelho

Osteoartrite ou Osteoartrose ou simplesmente Artrose ou também Doença Articular Degenerativa é uma doença degenerativa (desgaste) da cartilagem articular associada a alterações hipertróficas do osso subjacente à cartilagem.
O joelho é a segunda articulação mais acometida pela artrose após as articulações das mãos. No joelho, por ser uma articulação de carga, além da dor, a dificuldade para a locomoção e as deformidades podem ocorrer ao longo do tempo

A Cartilagem é o tecido que reveste as extremidades dos ossos, onde eles se articulam (juntas ou articulações. Esse tecido permite que o movimento das articulações ocorra de forma harmônica, com o mínimo de atrito. Quando ocorre a degeneração (desgaste) da cartilagem, a função de uma determinada articulação é alterada, levando às deformações comuns na osteoartrite.

A Cartilagem hialina é a mais comum dentre as cartilagens (as outras são a fibrocartilagem e a cartilagem elástica). Ela tem uma aparência vítrea, brilhante e compõe as cartilagens costais, do aparelho respiratório, das placas epifisárias (por onde os ossos longos crescem), o esqueleto fetal que será finalmente substituído por tecido ósseo e a cartilagem articular.

A Cartilagem articular é um tecido muito precioso porque em geral sua regeneração é limitada. Ela recobre os ossos que se articulam para formar a articulação sinovial. A espessura da cartilagem varia de acordo com cada articulação. No joelho, ou seja, na tíbia proximal e no fêmur distal tem entre 2 e 4 mm de espessura e na patela pode chegar a 5 mm. Esse tecido especial, que é a cartilagem é o que em último caso permite o rolamento, o deslizamento, a rotação automática e o movimento harmônico da articulação do joelho.

A cartilagem hialina é formada pelas células, que são os condrobastos e os condrócitos e pela matriz extracelular. A estrutura da matriz é composta 75% de água, do peso seco, que são os 25% restantes, é composta de fibrilas colágenas e glicosaminoglicanos, e entre eles sulfato de condroitina, queratan sulfato e ácido hialurônico. Os condroblastos e condrócitos são responsáveis pela produção dos componentes dessa matriz

Também chamado de hialuronan ou hialuronato é a única cadeia de glicosaminoglicanos (GAG) que não está ligada a um núcleo proteico. Está presente na pele, em certos líquidos corpóreos como o líquido sinovial e na cartilagem hialina. Nos últimos 15 anos, estudos mostraram que a molécula do Ácido Hialurônico promove melhoria do ambiente fisiológico de uma articulação com artrose, restaurando sua viscoelasticidade, reduzindo a fricção e melhorando a mobilidade. Como o ácido hialurônico é o componente mais importante do líquido sinovial para aumentar sua viscosidade, o tratamento com ácido hialurônico e seus similares é chamado de Viscossuplementação.

É a injeção com medicamentos dentro de uma articulação com o objetivo de reduzir a dor, o processo inflamatório ou no tratamento da artrose. No joelho, vários medicamentos podem ser usados com este objetivo.

A infiltração articular com ácido hialurônico ou hilano (viscossuplementação) é um procedimento simples, rápido, muito pouco doloroso e tem bons resultados a curto e médio prazo. Entre os efeitos observados com a utilização do Ácido Hialurônico nas articulações estão a redução da ativação de células inflamatórias responsáveis pela artrose; diminuição da inflamação da membrana sinovial (sinovite); estímulo da produção do Ácido Hialurônico endógeno; estabilização da matriz cartilaginosa; estímulo à produção de células cartilaginosas e do colágeno tipo II e a melhora da dor.

Pessoas com dores articulares crônicas com pouca melhora com o tratamento conservador (fisioterapia, modificação de atividade, perda de peso, anti-inflamatórios não-esteróides e analgésicos) e que não tenham indicação para o tratamento cirúrgico. E também pode ser usada em pessoas que têm indicação para uma cirurgia, mas que têm alguma contra-indicação ao tratamento cirúrgico.

Podem ser usados analgésicos, anti-inflamatórios não hormonais, os glicocorticoides, os medicamentos chamados condroprotetores como a glicosamina, a condroitina, o colágeno hidrolisado, o colágeno não hidrolisado e a diacereína e os fitoterápicos como os arpagosídeos, a cúrcuma e os saponificáveis de abacate e soja.

São componentes químicos que fazem parte da estrutura da cartilagem articular. Também são medicamentos que têm sido usados como coadjuvante no tratamento da doença degenerativa, que é a osteoartrose. Quando bem indicadas podem reduzir a necessidade do uso de analgésicos e anti-inflamatórios. No entanto não ficou comprovado ainda que o uso desses medicamentos retarda ou tenha o poder de reverter a osteoartrose. Algumas glicosaminas são sintéticas e outras tem origem animal (crustáceos).

O colágeno é uma proteína fibrosa. A molécula básica é chamada de tropocolágeno. É formada por 3 cadeias polipeptídicas enroladas em forma de hélice. A sua função já dissemos é resistir à tração e dar sustentação. Como 75 % do peso seco da cartilagem é formado por fibrilas colágenas, essa estrutura molecular é muito importante na sustentação da cartilagem.

A suplementação de colágeno hidrolisado visa oferecer ao tecido uma maior quantidade dessa estrutura, que estando disponível pode facilitar a produção de matriz colágena pelo condrócito. O colágeno hidrolisado é oferecido em forma de pó para diluição em água ou outras bebidas. Diferentemente, o colágeno não hidrolisado (UCII) não é absorvido pela mucosa intestinal e o mecanismo de ação teorizado é de que a presença dessa estrutura estimularia os órgão linfóides intestinais (placa de Peyer) a reconhecer essa estrutura e reduzir reações inflamatórias (imunogênicas) nas articulações, reduzindo a reação inflamatória à degradação da cartilagem e consequentemente do colágeno presente em quadros artrósicos. Essa redução da resposta inflamatória diminui a necessidade do uso de anti-inflamatórios e analgésicos devido à melhora da dor. Também não ficou comprovado ainda que o uso desses medicamentos retarde ou tenha o poder de reverter a osteoartrose. Lembrando que tanto o colágeno hidrolisado quanto o UCII são de origem animal.

São medicamentos derivados de plantas que têm-se comprovados efetivos no tratamento de algumas patologias articulares como a inflamação, a dor crônica e a artrose. Como exemplos os medicamentos mais comumente utilizados são os arpagosídeos (arpagophitum procubens), a Curcuma (Curcuma longa) e os derivados insaponificáveis de abacate e soja (piascledine)

Anti-inflamatórios são um grupo de medicamentos que têm em comum a propriedade de inibir uma importante enzima da cascata da inflamação chamada cicloxigenase, diminuindo os metabólitos que causam a dor e o processo de inflamação. São medicamentos eficazes na diminuição da dor e da inflamação na fase aguda, podendo ser usados por poucos dias, devendo ser evitado para o tratamento da dor crônica como por exemplo nas pessoas com artrose. Entre os riscos e efeitos colaterais existe a possibilidade de desenvolver gastrite ou úlcera ou mesmo levar a insuficiência renal devido à toxicidade renal. Por isso deve ser usado com muito critério por um período curto de tempo.

São potentes anti-inflamatórios que bloqueiam uma importante enzima da cascata da inflamação chamada Fosfolipase A2 e por consequência diminue a dor e a inflamação. Devem ser usados com muito critério pelo risco de úlcera e gastrite e o uso prolongado pode levar a retenção de líquido, hipertensão arterial, ganho de peso, diabetes entre outros. Também devem ser usados com muito cuidado nos pacientes crônicos

Sim, a fisioterapia tem várias vantagens no tratamento da artrose do joelho. Com o uso de meios físicos como o ultrassom, ondas curtas, TENS e outros é possível melhorar a dor e diminuir a inflamação além de manter e fortalecer os músculos próximos à articulação e o desenvolvimento de reflexos (propriocepção). Mesmo naqueles pacientes que serão submetidos a cirurgia, o tratamento fisioterápico melhora a recuperação pós-cirúrgica.

Três deformidades são mais comuns nos joelhos, o joelho varo, o joelho varo e o joelho flexo. O joelho varo é quando as pernas ficam arqueadas, o joelho valgo é quando as pernas parecem formar juntas a letra X, ou seja a deformidade que faz com que quando os joelhos estão juntos, os pés ficam afastados. O joelho flexo acaba acometendo a parte mais da frente e é quando os joelhos trabalham com algum grau de flexão, não conseguindo esticar completamente

Sim, em casos iniciais pode-se indicar palmilhas corretivas ou mesmo o tratamento com fisioterapia. Em alguns casos pode ser indicada a cirurgia corretiva chamada osteotomia.

Osteotomia é um procedimento cirúrgico que visa a correção de uma deformidade existente com um corte no osso e que por meio de cunhas podem corrigir a deformidade existente. De maneira geral, a osteotomia é uma cirurgia que corrige o alinhamento do membro. Como as deformidades do paciente com artrose do joelho podem acelerar a sua evolução, a correção dessas deformidades por meio de osteotomias pode melhorar os sintomas e atrasar a evolução da artrose do joelho.

A artrose do joelho varo acomete o compartimento mais medial ou interno do joelho, porque a carga do membro inferior acaba caindo mais nesse compartimento e por isso a correção é feita na tíbia. A artrose do joelho valgo, mais caracteristicamente incide sobre o compartimento lateral, já que neste caso a linha de carga do membro inferior passa lateralmente ao centro da articulação do joelho. De maneira geral, as correções das deformidades em valgo são feitas no fêmur. Mas há exceções.

É uma cirurgia que visa restaurar os movimentos de uma articulação e a função dos músculos e ligamentos dessa articulação. As artroplastias de substituição se utilizaram de implantes que visavam substituir mecanicamente uma articulação começaram a ser implantadas na década de 1960 no quadril e na década de 1970 no joelho. Enquanto que Charnley foi um dos pioneiros da artroplastia do quadril, Insall é considerado um dos pioneiros na artroplastia de substituição dos joelhos. Como esses implantes substituem de fato uma articulação eles são chamados de próteses.

Os objetivos de uma artroplastia são aliviar a dor, corrigir deformidades existentes e propiciar movimentos da articulação com estabilidade. As artroplastias totais, quando implantadas corretamente alcançam excelentes resultados tanto a curto como a longo prazo comprovados em estudos científicos.

A Artroplastia ou prótese total está indicada em pacientes portadores de uma articulação artrítica (com osteoartrose), dolorosa, com ou sem deformidade ou restrição do movimento e que não responde ao tratamento conservador, seja ele fisioterapia, medicamentos, mudança de atividades, etc.

As próteses articulares estão contra-indicada na vigência de uma infecção articular ou próxima à articulação e em situações peculiares de cada articulação como na ausência da função muscular do quadríceps no joelho. Também aqueles pacientes que possuam alguma doença ou condição clínica que impeça a cirurgia ou a anestesia. Antigamente se dizia que as artroplastias deveriam ser feitas em pacientes após os 60 anos. No entanto, quando há indicação devido à dor e à perda da função articular, pode ser realizada faixas etárias mais jovens. Tanto a idade avançada quanto a obesidade mórbida não são impedimentos para a realização de próteses articulares.

Após a realização de uma incisão anterior, exposição da articulação do joelho e a utilização de guias especiais são realizados os cortes ósseos que fazem com que a articulação se adapte ao implante escolhido com o tamanho, medido antes e durante a cirurgia, mais adequado ao tamanho do joelho. Durante a cirurgia são preservados os ligamentos colaterais que juntamente com o desenho da prótese dão a estabilidade e permitem o movimento articular. Nenhuma prótese, no entanto, consegue reproduzir todas as funções do joelho normal como o movimento de rolamento/deslizamento ou a rotação automática. Mas o design e as propriedades das próteses têm evoluído bastante e permitem uma função bem próxima ao normal com boa satisfação por partes dos pacientes operados.

Geralmente, o tempo de cirurgia é de aproximadamente 1 hora e 30 minutos e o tempo de internação é de 2 dias. Como a mobilização precoce é muito importante, a fisioterapia e a marcha com andador deve ser iniciada no primeiro ou no segundo dia de pós-operatório com o auxílio de um andador. Não há necessidade de ficar restrito ao leito, podendo sentar-se numa poltrona ou ir ao banheiro já no primeiro dia após a cirurgia

As complicações que podem ocorrer são: a infecção, a instabilidade e a soltura. No entanto, os índices de complicações são considerados baixos e na maioria das vezes podem ser tratados.

Sim, após os retornos normais do primeiro semestre após a cirurgia, deve-se fazer o acompanhamento anual com radiografias e avaliação clínica da prótese.

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